29/abr

Nossa Gente! – Mari Cristina, mãe atípica e protetora dos animais, com muito amor pelas causas

Por Ana Carina Oliveira – Por trás de cada vida resgatada, existe uma história de empatia, luta e amor incondicional. É nesse caminho que Mari Cristina, de 36 anos, traça sua jornada em Nova Lima. Ativista da causa animal e mãe atípica de Hilary, 13, e Ashley, 10, Mari dedica sua vida ao cuidado dos animais e à defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

Nascida e criada no bairro Santa Rita, Mari cresceu com o coração voltado para os animais e sempre sentiu uma conexão profunda com todas as espécies. “Desde pequena, eu nunca me vi trabalhando em outra área que não fosse com animais”, conta.

A vida profissional de Mari foi diversa: trabalhou como auxiliar de cozinha, frentista, em serviços gerais — sempre conciliando esses trabalhos com sua atuação voluntária. Desde 2012, atua como protetora independente, oferecendo lares temporários e cuidados médicos aos animais de rua. “Mais de 50 animais já passaram por aqui”, relembra. Atualmente, ela é voluntária na ONG SOS Gatinhos do Parque, que atua no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte.

Sua formação na área inclui um curso de auxiliar de medicina veterinária e uma especialização técnica em resgate em desastres. Embora tenha iniciado a faculdade de medicina veterinária, precisou trancar o curso após o nascimento das filhas. Com a maternidade, veio também o desafio de ser mãe atípica. “Quando me descobri mãe atípica, me senti muito sozinha. Faltava apoio, informação, e até mesmo empatia das pessoas”, relata. Divorciada, ela enfrentou uma jornada solo pelo diagnóstico e tratamento das duas filhas que são autistas. “Ouvi muitas vezes que elas não tinham nada, que eu é que estava procurando uma doença. Então, precisei caminhar sozinha em relação à escola, à obtenção de medicamentos, terapias e qualquer benefício disponível”, revela.

Diante das dificuldades enfrentadas, Mari decidiu transformar sua dor em acolhimento para outras mães. “Meu objetivo sempre foi fazer o possível para que nenhuma outra mãe passasse pelo que eu passei. E, quando enfrentassem momentos difíceis, que ao menos não se sentissem sozinhas”, explica.

Apesar de não participar mais de coletivos organizados, ela continua auxiliando famílias em dúvidas sobre direitos, benefícios e inclusão escolar. “A cidade ainda não é nada inclusiva, principalmente na educação”, denuncia. Mesmo sem uma estrutura adequada, ela compartilha atividades, passeios e informações que mostram que existe vida após o laudo: “O diagnóstico não define ninguém. É possível ter uma vida alegre, produtiva e saudável”.

A luta pela causa animal, por sua vez, também carece de mais políticas públicas e, principalmente consciência da população. Segundo Mari, apesar de alguns avanços em Nova Lima, ainda há falta de estrutura, investimento e, principalmente, de conscientização. “Os animais são seres sencientes, com direitos e, e não apenas meros objetos de capricho ou desejo que possam ser facilmente descartados”, desabafa.

Foi o mesmo amor incondicional que sempre dedicou aos animais que a manteve de pé quando mais precisou. “Eu pensava em desistir de tudo. Até que, um dia, abri a porta e vi um cachorro magro, machucado e faminto”. Naquele instante, percebeu que, mesmo em sua dor, ainda podia ser refúgio para quem também sofria. E, nesse cuidado, encontrou forças para seguir em frente. “Ao olhar para ele, eu percebi que ainda era necessária. Aquele cachorro me resgatou tanto quanto eu o resgatei”, lembra, emocionada.

Atualmente, Mari vive em uma fazenda na região do Ville de Montagne, em uma casa com área verde, onde cuida de cães, gatos, pato, galinhas e até coelhos. Ela também acolhe animais em recuperação pós-cirúrgica, oferecendo o suporte necessário até que estejam prontos para adoção. Mesmo com dificuldades financeiras e emocionais, ela segue firme. “Trabalhar com animais é minha paixão, mas é muito solitário e desgastante”, admite.

Nos raros momentos de descanso, Mari gosta de ler, viajar ou simplesmente aproveitar o sossego do seu lar cercado pela natureza. Ela sonha em retomar a faculdade, mas seu maior objetivo é inspirar novas gerações a cultivar o amor e o respeito pelos animais. “Eu não acho que faço algo extraordinário. Eu ofereço o meu melhor e recebo o melhor deles. É uma troca. E é por isso que continuo.”

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