Escritura na mão, dignidade no coração: por que Nova Lima precisa avançar na regularização dos imóveis

Por Iago Leonay – Enquanto os olhos do mercado imobiliário se voltam para os modernos empreendimentos do Vila da Serra, Nova Lima enfrenta um desafio silencioso, mas de enorme impacto social e econômico: a regularização fundiária. Em uma cidade onde o metro quadrado atinge valores altíssimos e atrai investimentos nacionais, grande parte dos imóveis ainda carece de um documento fundamental — a escritura.

A regularização fundiária é, acima de tudo, uma garantia de cidadania. Mais do que um pedaço de papel, ela representa a segurança jurídica de milhares de famílias que construíram suas vidas, tijolo por tijolo, em bairros consolidados do município. É o documento que transforma moradia em patrimônio legítimo.

Bairros como Santa Rita, Matadouro, Vila Cristina, Oswaldo Barbosa Pena e Rosário, muitos com décadas de existência, fazem parte da história da cidade — e é justo que essa história esteja registrada oficialmente.

Além do aspecto social, a regularização tem reflexos diretos na economia local. Um imóvel sem escritura não pode ser financiado, não pode ser vendido formalmente e, muitas vezes, nem mesmo transmitido por herança com tranquilidade. Já o imóvel regularizado entra na economia formal, valoriza, circula no mercado e fortalece a confiança dos compradores, investidores e instituições financeiras.

Outro ponto relevante é a arrecadação pública. Com mais imóveis formalizados, a cidade amplia sua base contributiva, o que se reflete em mais investimentos para infraestrutura, saúde, educação e mobilidade urbana. Todos ganham.

O município de Nova Lima já iniciou ações importantes nesse sentido, por meio da REURB — Regularização Fundiária Urbana. A proposta é ambiciosa e necessária: levar escrituras e registros formais para bairros inteiros, por meio de um processo técnico, legal e social. Um projeto dessa magnitude, naturalmente, exige etapas, diagnósticos e mobilização das comunidades. Mas o caminho está traçado, e os benefícios são amplos.

Nova Lima vive hoje um momento de transição. Cresce verticalmente com seus empreendimentos modernos e, ao mesmo tempo, tem a chance de se consolidar sobre bases mais justas, sólidas e inclusivas.