Uma sociedade que aceita 85% das pessoas adultas com autismo fora do emprego não é inclusiva
Por Noah Campbell – Uma triste realidade aponta sobre a população autista no Brasil: estima-se que 85% ...
Por Noah Campell – Muitas famílias se fazem essa pergunta ao receber o diagnóstico: “Meu filho está no espectro autista, e agora?” Algumas mães e pais entram no processo de luto, recusando-se a aceitar o diagnóstico do filho, enquanto outros já buscam todos os suportes necessários
Aos três anos de idade, fui encaminhado para uma equipe multidisciplinar, pois apresentava dificuldades na fala, agressividade, dependência e apego, além de outras questões. Minha mãe e meu pai me levavam às terapias, nas quais foram trabalhadas habilidades relacionadas à coordenação motora.
Hoje, desenvolvi-me dentro do espectro autista e tenho mais qualidade de vida, graças ao fato de meus pais não questionarem o diagnóstico e seguirem a orientação da equipe multidisciplinar. Algumas mães me disseram que, quando seus filhos receberam o diagnóstico, tornaram-se “supermães”, pois correm atrás do impossível por eles.
No entanto, mães e pais ficam sobrecarregados, pois levam os filhos à terapia semanalmente, lutam por seus direitos e, às vezes, precisam até recorrer à Justiça para garantir o suporte necessário. Inúmeras mães deixam de se cuidar, arrumar o cabelo ou ter uma vida plena na sociedade, diante do pouco suporte existente e da dedicação total aos filhos e à casa, além de uma série de situações que as sobrecarregam.
Sempre deixo uma mensagem positiva, dizendo que as pessoas com autismo podem chegar aonde almejam, mas, para isso, precisam de mais acessibilidade, direitos e apoio. Fui em busca de mães que desejam falar sobre o assunto e entrevistei Cleta Baroni, mãe atípica de dois filhos autistas: um de nível 3 de suporte e uma de nível 1. Cleta é graduada em Administração e tem MBA em Gestão de Pessoas e Negócios.
Ela me disse: “A maior preocupação das mães de autistas é o futuro de seus filhos após sua morte. Quem cuidará deles? Quem entenderá suas crises? Quem os protegerá?” A falta de políticas públicas para apoiar essas pessoas gera angústia e medo. Muitos adolescentes e adultos autistas permanecem dependentes para atividades diárias, e alguns não são verbais.
Ao entrevistar Cleta, fica nítida a emoção em suas palavras, assim como a minha, como autista, por viver esses desafios.
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