08/mar

8 de março – Pouco para se comemorar e muito a cobrar: Uma mulher apanhou de um policial em frente à prefeitura de Nova Lima, e nada foi feito

Por Júlia Giovanni – Hoje, eu não quero flores e Deus me ajude se eu ouvir alguém dizer: “A mulher pode ser tudo o que ela quiser”. Porque hoje o sentimento é outro. Não, a gente não pode

O Dia Internacional das Mulheres não é uma celebração às mulheres, não é dia de festa. É um dia para lembrar que, em média, 185 mulheres são estupradas e quatro são assassinadas por dia neste país. E elas não estão seguras em lugar nenhum. Não estão seguras no posto de saúde, onde uma grávida foi molestada. Não estão seguras no trabalho, onde uma jovem foi abusada.

Atualmente, fala-se muito sobre uma “energia feminina”, que sugere que a mulher deveria ser mais dócil e submissa. Pedem que as mulheres se desarmem dessa postura de defesa porque o homem, supostamente seria seu protetor. Pois eu questiono: se a maioria dos políticos, policiais, juízes, sacerdotes e líderes são homens, por que as mulheres ainda morrem?

Hoje não seria um dia para cobrar das mulheres, mas dos homens no poder, já perdi a esperança. Por isso nós, mulheres de Nova Lima, depositamos nossas dores e nossas expectativas na mesa de três mulheres que ainda têm a caneta na mão: Cissa Caroline, vice-prefeita; Viviane Matos, única vereadora de Nova Lima; e Rayane, coordenadora de políticas públicas para mulheres. Vocês são nossas vozes na cidade mais rica do país.

Não devem se contentar em manter as coisas como estão. Não devem se calar quando precisamos da voz de vocês. Não devem sucumbir às pressões para não fazer nada e simplesmente deixar para lá. Uma mulher apanhou de um homem, um policial militar, em frente à Prefeitura de Nova Lima, e nenhuma manifestação de solidariedade nossas representantes fizeram. Por que o silêncio?

Preciso reconhecer alguns avanços em Nova Lima: Como a ampliação das vagas em creches, o fortalecimento da rede de proteção às mulheres vítimas de violência, o aluguel social, o investimento na capacitação e a criação de um programa dignidade menstrual. Avançamos nesses pontos, mas perdemos representantes mulheres que possam manter essas políticas.

Por fim, me solidarizo com Gabrielle Rufino, agredida covardemente por um policial militar há três dias em nossa cidade. Estou aqui caso precise de apoio.

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