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Cego é preso em Nova Lima por suspeita de abuso sexual e alega ter sido vítima de acusações infundadas

Renato Ferreira de Jesus, um homem com deficiência visual, foi preso na última quinta-feira (22) em Nova Lima, sob suspeita de abuso sexual contra uma adolescente. Ele nega as acusações e afirma ter sido alvo de inverdades nas redes sociais, o que resultou em sua detenção e subsequente exposição pública

O repórter do Jornal Minas, Thiago Carvalho, esteve nesta terça-feira (27) na casa de Renato, no bairro Cristais, e o entrevistou. O idoso, que é deficiente visual e não possui o globo ocular, relatou que a prisão ocorreu após a mãe da adolescente apresentar uma denúncia contra ele. Segundo Renato, as alegações feitas pela mãe da jovem são falsas, e a situação foi amplificada por uma agente pública que, de acordo com ele, expôs indevidamente o caso em uma rede social.

“Eu fui acusado de ter dopado minha esposa e o irmão dela para abusar da menina, mas isso nunca aconteceu. Eu uso medicamentos para tratar dores crônicas e alergias, e não para dopar ninguém,” afirmou Renato. Ele disse que as crianças envolvidas, netas de sua esposa, estavam em sua casa com a autorização da mãe, mas que ele sempre foi contra essa presença devido a diferenças religiosas.

A abordagem policial, segundo Renato, foi realizada sem mandado de prisão. Ele relatou que, após ser confrontado pela mãe da adolescente, saiu de casa desnorteado e acabou sendo abordado pela polícia na rodovia MG-030. “Eles me algemaram, o que foi um abuso, já que sou cego e não ofereci resistência,” disse.

Renato foi levado à delegacia, onde prestou depoimento, e posteriormente ao presídio. Ele afirmou que durante seu tempo sob custódia, sofreu maus-tratos verbais e teve seu pedido de assistência jurídica inicialmente negado. Na audiência de custódia realizada no dia seguinte à prisão, o juiz concedeu o alvará de soltura, reconhecendo que não havia elementos suficientes para mantê-lo detido.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais, onde um vídeo circulou e uma foto de Renato associando ao crime. Ele contou que, ao retornar para casa após a soltura, foi alvo de ameaças e xingamentos por parte de moradores, que o chamavam de “estuprador”. Renato afirmou que está tomando medidas legais contra a pessoa que divulgou o vídeo e contra as acusações que considera infundadas.

A reportagem tentou contato com agentes da polícia civil envolvidos no caso, mas até o momento não obtivemos retorno.

Por Jorge Marques

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