Perito avalia a responsabilidade da Vale na enchente em Honório Bicalho

Na manhã desta terça-feira (25), no distrito de Honório Bicalho, região Nordeste de Nova Lima, uma perícia técnica judicial foi conduzida com o objetivo de investigar o possível papel da empresa Vale no agravamento das enchentes ocorridas em janeiro de 2022 nas cidades de Nova Lima e Raposos.

Cerca de 700 moradores, afetados pelas inundações, ajuizaram processos judiciais alegando que suas residências foram invadidas por minério beneficiado durante o período das cheias do Rio das Velhas. Os processos foram fundamentados com laudos do Instituto EducaMit, além de perícias particulares realizadas por moradores, que também contaram com o apoio do laudo da Geosol, empresa especializada em geologia.

A fim de esclarecer as responsabilidades e contribuições da empresa Vale para as enchentes que devastaram essas localidades, uma equipe composta por representantes dos moradores, da empresa Vale, do Município de Nova Lima e perito nomeado pelo Juiz da 1ª Vara Cível de Nova Lima, realizou a perícia in loco. O perito Judicial Tauâ Coelhe foi designado para conduzir a avaliação em um dos imóveis afetados. O engenheiro de Mina, nomeado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, coletou as informações relevantes. Além disso, autoridades como representantes do gabinete da vereadora Viviane Matos, que presidiu a CPI da Lama na Câmara de Nova Lima, o subsecretário da regional Noroeste, Mael Soares, e representantes da Defesa Civil de Nova Lima, também estiveram presentes no local, juntamente com moradores da comunidade afetada.

O advogado Wesley de Jesus, responsável pela ação judicial, acompanhou a perícia e ressaltou a importância dos laudos particulares que indicam a presença de minério de ferro na lama coletada após as enchentes. Segundo o advogado, tais constatações podem ter potencializado os danos causados às comunidades atingidas em Nova Lima e Raposos.

A Vale, por sua vez, enviou representantes para participar da perícia e reforçou seu compromisso em colaborar com a investigação e apurar as possíveis contribuições para o agravamento das enchentes.

Em resposta à reportagem do Jornal Minas, a Prefeitura de Nova Lima informou que acompanha o processo, e está à inteira disposição para colaborar com o que se fizer necessário. Ainda segundo o executivo, a instituição irá se manifestar quando o processo for concluído.

A região de Honório Bicalho tem grande importância socioeconômica, e as enchentes de janeiro de 2022 deixaram marcas profundas nas comunidades locais, afetando de forma significativa a vida dos moradores e a infraestrutura das cidades de Nova Lima.

A realização dessa perícia técnica judicial representa um passo importante na busca por respostas e pela responsabilização em relação às enchentes ocorridas em Nova Lima e Raposos. A comunidade aguarda ansiosamente os desdobramentos desse processo, buscando reparação e prevenção para evitar que eventos semelhantes voltem a trazer prejuízos à região.

Cabe agora à justiça analisar os dados colhidos durante a perícia e conduzir o processo de forma justa e imparcial, de modo a garantir que as responsabilidades sejam devidamente atribuídas e que ações corretivas e preventivas sejam adotadas para proteger a segurança e o bem-estar das comunidades impactadas.

Por Thiago Carvalho
Foto: Thiago Carvalho