19/out

Mortandade de peixes no Rio das Velhas alerta para impacto ambiental em Sabará

Moradores da região metropolitana de Belo Horizonte ficaram alarmados no último final de semana com a quantidade de peixes mortos que se acumulavam às margens do Rio das Velhas, na altura de Sabará. Vídeos compartilhados nas redes sociais expuseram a gravidade da situação, que, embora recorrente nesta época do ano, foi exacerbada por queimadas e pela seca prolongada que assola Minas Gerais

Em entrevista ao Estado de Minas, Carlos Mascarenhas, biólogo e pesquisador do NuVelhas de projeto Manuelzão, informou que, o início das chuvas após um longo período de estiagem carrega para o rio poluentes que se acumulam no solo, como agrotóxicos, rejeitos e cinzas das queimadas. “A primeira chuva traz uma carga intensa de contaminantes em um curto período, o que torna o impacto mais agudo”, explica o pesquisador.

A situação é monitorada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, que relatou incidentes em outros municípios da bacia, como Baldim, Jequitibá e Santana de Pirapama. A presidente do comitê, Poliana Valgas, descreveu o fenômeno como sistêmico e de difícil resolução, ressaltando a necessidade de priorizar o tratamento de esgoto nas cidades da bacia para combater a poluição difusa e melhorar a qualidade da água. “Temos uma bacia que abrange 51 municípios e mais de 800 km de calha de rio, recebendo poluentes tanto de áreas urbanas quanto rurais”, afirmou.

Mascarenhas acrescentou que, além dos poluentes carregados pelas chuvas, a matéria orgânica e os sedimentos acumulados no leito do rio ao longo dos anos, antes da operação das estações de tratamento de esgoto, são constantemente revolvidos, alterando as condições do ambiente aquático. “Isso muda as características do rio e contribui para a morte dos peixes, que sofrem com a redução do oxigênio na água”, disse.

A frustração diante das recorrentes mortes de peixes é evidente. “Toda vez é a mesma coisa”, lamentou Mascarenhas, destacando que a definição das causas exatas e a adoção de medidas para mitigar o problema dependem de recursos financeiros, técnicos e logísticos.

Entre as soluções propostas para evitar novas mortandades, o biólogo sugere a interceptação das águas das primeiras chuvas, que carregam um volume maior de poluentes. A longo prazo, ele defende a ampliação do tratamento de esgoto, avançando para sistemas terciários, que garantiriam elevação na qualidade da água.

Por Jorge Marques com informações do Estado de Minas

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