Só vereador medíocre defende a cadeia no Centro de Nova Lima — a OUC acabará com isso em 24 meses
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Por Ana Carina: Aos 36 anos, a história do motoboy Jhonatan Benigno é um testemunho vivo de resiliência. Desde muito cedo, ele enfrentou desafios, trilhou caminhos difíceis e, com esforço e fé, buscou forças para se transformar. Hoje, com a serenidade de quem sobreviveu às próprias tempestades, ele usa sua própria experiência para impedir que outros jovens repitam a mesma trajetória.
Casado há sete anos com a auxiliar de dentista Elorrayny Campos, Jhonatan é pai de Isis Gabrielly, de 10 anos, e de Nicolas Gabriel, de 14, fruto de um relacionamento anterior. Ele também é pai afetivo de Giovana, 23 anos, Ana Luiza, 21, Júlia Vitória, 19, e Rafaella, 15.
Natural de Pompéu, no interior de Minas Gerais, Jhonatan cresceu no bairro Cariocas, em Nova Lima, em meio a dificuldades que moldaram com dureza os primeiros anos da sua vida. Filho de Carla Margareth, que criou sozinha os seis filhos entre jornadas exaustivas de trabalho, ele aprendeu cedo o peso da ausência e da necessidade. “Minha mãe era tudo. Lutava muito para colocar comida em casa”, relembra, com emoção. “Não tivemos oportunidades de continuar os estudos, de fazer cursos, nada. E na escola, eu era julgado pelo jeito de me vestir. Me chamavam de marginal, mesmo eu sendo só uma criança.”
Essas feridas da infância deixaram marcas profundas. O preconceito e a exclusão que sentiu se transformaram em revolta. Aos poucos, o menino calado deu lugar a um jovem explosivo, acostumado a brigas e às esquinas perigosas do bairro. Foi nesse ambiente que, aos 16 anos, por meio de amigos, ele conheceu a cocaína — um encontro que o empurrou, como ele próprio diz, “ladeira abaixo”.
“Eu já não tinha medo de nada. Não me importava com o amanhã. Era disposto a matar ou morrer, sem pensar duas vezes”, confessa, com franqueza. “O único respeito que eu tinha era pela minha mãe.”
Os anos seguintes foram marcados por noites viradas, vícios e arrependimentos. A juventude de Jhonatan foi consumida em um turbilhão de excessos. Aos 22, tornou-se pai pela primeira vez, mas a dependência e o caos o impediram de viver a paternidade de forma plena. “Meu filho foi criado pelos meus irmãos, Danúbia e Benigno Júnior. Eles foram meu alicerce quando eu não conseguia ser um”, reconhece com gratidão.
A virada de Jhonatan começou de forma discreta, com uma mudança para a casa de uma tia em Belo Horizonte e um emprego que lhe permitiu conquistar sua habilitação e se estabelecer como mototáxi. No entanto, enquanto se encontrava na profissão, sua vida pessoal permanecia sem direção: “Eu trabalhava de mototáxi durante a semana, e aos fins de semana, levava minha vida doida regada a drogas e bebidas”, recorda.
O rumo só se redefiniu de verdade quando ele conheceu a esposa, Elorrayny. O início, contudo, não foi fácil: “Foram muitas idas e vindas. Minha esposa não se identificava com o meu estilo de vida e eu vivia em recaídas mesmo com o seu perdão”, recorda. “Cheguei a ser preso por receptação de notas falsas por três meses e eu já estava cansado da vida que eu estava levando”, revela.
Foi com a chegada do segundo filho, no entanto, que veio o verdadeiro despertar: “Ali caiu a ficha. Eu precisava amadurecer. Vidas inocentes dependiam de mim”, relembra.
O desejo de ser um pai presente e cuidar da família se somou a uma promessa feita à mãe, pouco antes de sua partida. “Diante do pedido da minha mãe, busquei mudar de vida e encontrar Jesus”, revela.
O caminho da transformação, porém, não foi fácil e envolveu muitas renúncias. “Tive que me afastar de muita gente, fazer jejum de coisas que eu gostava, ficar dois anos sem álcool. Foi uma batalha diária”, relata. Hoje, já são dez anos de libertação da cocaína.
Com essa decisão, Jhonatan reconstruiu sua vida. Tornou-se um homem de fé, um marido presente e um pai cuidadoso. Mais do que isso, fez de sua superação uma missão. Em cada conversa, em cada corrida de moto, ele busca levar uma palavra de esperança. “Às vezes, levo pessoas na garupa da minha moto que estão pensando em tirar a própria vida. Eu não sei, mas Deus sabe. E Ele usa minhas palavras para impedir que isso aconteça. Já ouvi gente me agradecer depois de uma corrida, dizendo que desistiu de se matar por causa de uma conversa comigo. É Deus que faz, não eu.”
Hoje, Jhonatan enxerga seu trabalho como um propósito. Evangeliza nas ruas, nas conversas espontâneas com passageiros e nas redes sociais, onde compartilha mensagens sobre fé e superação. “Minha mensagem é simples: dá para recomeçar, pois Deus é o nosso criador e maior que qualquer vício. Para ele, nada é impossível”, declara.
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