Unidade Avançada de Saúde Especializada fortalece atendimento em Nova Lima
Recentemente, a população de Nova Lima passou a contar com um novo recurso de saúde: a Unidade Avançada de ...
A perda auditiva é uma queixa quase diária no consultório do otorrinolaringologista. Existem estimativas de que cerca de 5% da população brasileira apresenta algum grau de surdez e as doenças que acometem o ouvido ou as vias auditivas são inúmeras.
A causa mais frequente é aquela que acontece à medida que envelhecemos, a chamada Presbiacusia, que em alguns casos (principalmente naqueles com histórico familiar) pode aparecer até um pouco mais cedo do que as pessoas normalmente imaginam.
Mas existem muitas outras causas que podem se manifestar em qualquer idade. A surdez decorrente das doenças infecciosas, por exemplo, ainda é muito prevalente em nosso meio. Dentre elas podemos destacar a infecção congênita por Citomegalovírus, um vírus que causa sintomas leves em adultos, mas que quando acomete o feto, ainda dentro do útero, pode acarretar surdez profunda. Além dela, infecções como a Meningite, a Rubéola e a Caxumba também podem cursar com perdas auditivas.
Outro diagnóstico frequente em crianças é a surdez de etiologia genética. Dentro deste grupo existem várias alterações que podem ocasionar déficits auditivos. Algumas delas são sindrômicas, ou seja, a surdez vem acompanhada de outras alterações como problemas cardíacos, renais, oculares, entre outros. Entretanto, o mais comum é a surdez genética não sindrômica, em que a perda auditiva aparece como sintoma único e que é sempre mais difícil de diagnosticar.
No caso da surdez genética existem testes que podem diagnosticar as mutações mais comuns. A mais frequente é a mutação no gene que codifica uma proteína chamada Conexina 26. Só que antes disso é preciso identificar as crianças que efetivamente apresentam perda auditiva, de preferência antes que elas completem os 3 meses de idade. Para isso temos a triagem auditiva neonatal, que desde 2010 é obrigatória no Brasil. Todas as crianças devem fazer o teste da orelhinha ainda na maternidade e se houver alguma alteração precisam ser encaminhadas ao especialista para uma avaliação mais detalhada. A confirmação da deficiência auditiva deve ser feita com uma série de outros exames, pois nem sempre um primeiro teste alterado significa que a criança possua algum problema.
Ao se diagnosticar a surdez, o tratamento específico ou a reabilitação devem ser instituídos de forma rápida, para evitar atrasos no desenvolvimento. O tratamento da surdez varia conforme o diagnóstico, o grau da perda auditiva e as características individuais de cada paciente. Em alguns casos podemos fazer o tratamento da doença, mas se isso não for factível, existe a possibilidade da reabilitação auditiva através de aparelhos de amplificação sonora ou por próteses implantadas cirurgicamente. Dentre as últimas podemos citar as próteses osteoancoradas, que são implantadas no osso. Elas são indicadas para pacientes com malformações da orelha externa ou média e em casos de surdez unilateral.
No caso de pacientes com surdez severa bilateral, existe a opção do Implante Coclear, que deve ser indicado de forma criteriosa pelo otologista após uma avaliação multidisciplinar. Esse tipo de implante possui um componente externo que capta o som e o retransmite a outro componente interno (implantável). Neste, a energia sonora é transformada em estímulo elétrico que, através de um eletrodo inserido dentro da orelha interna, estimula diretamente o nervo auditivo. Dessa maneira é possível recuperar a audição de uma gama de indivíduos com quadro de surdez.
É importante salientar que cada caso deve ser avaliado individualmente e as opções terapêuticas cuidadosamente discutidas para que não se crie falsas expectativas. Quando seguimos todos esses passos, criteriosamente, os resultados tendem a ser muito bons.
Por Alexandre Fernandes de Azevedo
Otorrinolaringologista e Otologista do Corpo Clínico do Biocor Instituto, mestre em Infectologia pela UFMG
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