14/maio

Atlético vence e avança às Oitavas da Libertadores – Jogo teve paralisações e sons de ‘guerra’

Não era para ser noite de futebol. Do lado de fora do Estádio Romelio Martínez, bombas estouravam e a violência tomava conta das ruas de Barranquilla. A revolta social se iniciou há semanas na Colômbia, em contrariedade ao governo do presidente Iván Duque. Mesmo assim, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) ignorou os alertas e marcou uma série de jogos para o país. Nesse ambiente, Atlético e América de Cáli-COL protagonizaram uma partida de Copa Libertadores com atraso para começar, seguidas interrupções ocasionadas por gás lacrimogêneo e sons de guerra. Em campo, a vitória por 3 a 1 classificou o time alvinegro às oitavas de final.

Hulk, Guilherme Arana e Eduardo Vargas garantiram o triunfo do Atlético. Santiago Moreno marcou para o América de Cáli-COL. Mas mesmo as comemorações dos gols foram abafadas pelo clima desfavorável no país.

As manifestações começaram em 28 de abril em contrariedade a mudanças tributárias desejadas pelo governo federal. Depois dos protestos, o projeto foi retirado da pauta legislativa. No entanto, a revolta social continuou na Colômbia. Os objetivos são diversos e vão desde a criação da renda básica e o fim da violência policial até a rejeição de um plano de reforma da saúde.

Inicialmente, a partida estava marcada para Bucaramanga, outra cidade colombiana. Mesmo em meio ao furor social em todo o território nacional, a Conmebol decidiu manter o jogo para a Colômbia e só o transferiu para Barranquilla. Na véspera da partida do Atlético, o município recebeu o empate por 1 a 1 entre Junior-COL e River Plate, cujos jogadores também foram afetados pelo gás lacrimogêneo utilizado pela polícia do lado de fora do estádio.

Em meio ao cenário conturbado, a vitória em Barranquilla classifica o Atlético às oitavas de final da Libertadores com duas rodadas de antecedência. O time alvinegro se isola na liderança do Grupo H, com dez pontos – três a mais que o segundo colocado Cerro Porteño-PAR e sete à frente do terceiro Deportivo La Guaira-VEN. Lanterna e à beira da desclassificação, o América-COL tem um.

As equipes voltam a campo pela quinta rodada na próxima quarta-feira. O Atlético visita o Cerro Porteño-PAR na Nueva Olla Azulgrana, em Assunção, no Paraguai, a partir das 21h. Às 23h, a bola rola na Colômbia para o duelo entre América de Cáli-COL e Deportivo La Guaira-VEN.

Antes do compromisso pela Libertadores, o Atlético tem pela frente a decisão do Campeonato Mineiro contra o América. O jogo de ida da final está marcado para 16h deste domingo, no Independência.

Paralisações no 1º tempo

Os jogadores já sentiam os efeitos do gás lacrimogêneo utilizado pela polícia colombiana contra os manifestantes quando a bola rolou, com alguns minutos de atraso em relação ao horário agendado (21h).

Em campo, o primeiro tempo foi disputado em “prestações” e durou mais de uma hora. Os gritos das comissões técnicas – sonoridade à qual nos acostumamos durante a pandemia de COVID-19 com os jogos sem público – eram abafados pelas bombas atiradas do lado de fora.

Foram quatro as paralisações devido aos efeitos do gás. As duas primeiras foram curtas, com cerca de um minuto. Nesse meio-tempo, o atacante Hulk abriu o placar, de cabeça, após cruzamento de Nacho Fernández. Pouco depois, Santiago Moreno empatou.

Aos 39’, a arbitragem interrompeu o jogo pela terceira vez e mandou os atletas aos vestiários. Todos retornaram oito minutos depois para concluírem a primeira etapa. Mas o plano não deu muito certo. De forma fatídica, Hulk saiu na cara do gol e finalizou fraco para a defesa de Joel Graterol. Em seguida, ambos caíram no gramado e sentiram novamente os efeitos do gás.

Depois de muita conversa entre arbitragem, jogadores, comissões técnicas e delegado do jogo, a bola voltou a rolar para os segundos finais. E a cena chamou atenção: os atletas do América de Cáli-COL apenas trocaram passes na defesa sem serem incomodados pela marcação alvinegra. O combinado era apenas “simular” uma partida de futebol para que o tempo regulamentar acabasse.

Quase 30 minutos depois…

O intervalo em Barranquilla foi longo. Quase meia hora depois, o árbitro uruguaio Andrés Cunha apitou o início do segundo tempo, num clima desfavorável e com os protestos ainda em andamento.

O Atlético passou à frente logo aos 8 minutos, num golaço de Guilherme Arana. Savarino fez bela jogada pela direita e cruzou. A bola sobrou para o lateral-esquerdo atleticano, que finalizou forte e cruzado: 2 a 1.

A partida se desenrolou até os 22 minutos do segundo tempo, quando o gás lacrimogêneo impediu mais uma vez o desenrolar do jogo. No retorno, o Atlético foi ligeiramente melhor, embora tenha sofrido finalizações perigosas do América-COL como um chute na trave de Luis Paz.

Mas a pressão colombiana não deu resultado. No fim, Eduardo Vargas ainda fez uma “pintura” e marcou o terceiro gol alvinegro após dar um chapéu no goleiro. O Atlético, numa noite que não deveria ter sido de futebol, comemorou timidamente a classificação ao mata-mata do principal torneio continental.

Por Redação

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