09/mar

É Marx não Putin, a guerra e a mulher

No mês da mulher, tínhamos necessidade de escrever algo que evidenciasse a natureza extraordinariamente forte da mulher. Hoje, o mundo está de pernas para o ar diante das consequências abruptas da guerra. E a conta chega a todo instante e há quem não perceba que a mulher ocupa um papel de destaque nesta guerra, que vai muito além de ser massacrada na fila das refugiadas ucranianas pela loucura esquizofrênica de um certo político brasileiro.

É mesmo de arrepiar que um homem, e aqui me refiro ao homo sapiens, tenha esse matiz assombroso dentro de si. Deixando de lado a loucura e o nojo que circula a essa traição à mulher e à democracia, é preciso fazer uma curva para tirar da corte marcial a mulher brasileira ou ucraniana.

Hoje ela está em alta. Quem não vê esse marco orientador só pode ser mesmo alienado. O mundo todo se voltou para as mulheres. A guerra é um espaço também feminino. Sempre foi.

O tom propagandista da natalidade, está na agenda da Europa. Por todo lado, não como evento isolado ou percepção fortuita, se fazem menções constantes ao potencial magistral que tem a mulher: o de ser mãe. Mãe de soldados.

A mente humana é uma caixa de surpresas e palco para arrancada de pensamentos inusitados. Por isso há quem diga que quanto mais psicologicamente conscientes nos tornamos, mais distantes do mundo nos encontramos.

As experiências comprovam que em tempos de guerra a mulher sempre ocupou um papel de resposta aos temores dos homens. Os panfletos e brochuras que estão implícitos nas últimas notícias vindos da Ucrânia revelam que a Europa, vai se reorganizar no campo militar.

Os exércitos serão reorquestrados, os jovens não podem mais ser mantidos em inocência, e a mulher serve mais do que nunca à imaginação masculina, ela agora é potencial geradora de filhos.

No Brasil a mulher luta por vários espaços. Seja no trabalho ou na sociedade, o Brasil é um país de evasivas, exigindo constante atuação do Judiciário para garantia da cidadania e da inclusão da mulher no mundo masculino. Sim, é verdade. Sem qualquer tipo de hesitação, mesmo diante de uma torrente populacional, a lei brasileira sempre precisou acudir a mulher, garantindo por exemplo, que 30% das empresas com mais de 10 empregados sejam mulheres. Isso nada mais é do que o sistema de cotas, corrigindo um diagnóstico real.

A guerra de Putin, longe do Brasil, trouxe numa velocidade irreversível, uma visão que estava sutilmente guardada, a da importância da mulher, a de mãe e reprodutora.

Seguimos resistindo às pressões do novo, diminuímos o absolutismo masculino nos exércitos, temos participação nas forças armadas rompendo o aglomerado masculino. Essas pressões na realidade mostram que a mulher é obrigada a navegar entre faróis que emitem sinais conflitantes. Somos as únicas que possuímos o dom da reprodução, do recurso renovável.

É uma sátira verdadeira. Que não seja através dessa visão, o esforço organizado, para libertar a mulher. A força dos movimentos femininos já mostrou que ultrapassamos e muito editoriais nacionalistas. Somos sim, mães. Mas mães da paz, não da guerra!

Por Maria Inês Vasconcelos
Advogada, pesquisadora, professora universitária e escritora

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