25/mar

Kalil não justifica empréstimo milionário e sofre derrota na Câmara de Belo Horizonte

Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) rejeitou, em segundo turno, a contratação de empréstimo no valor de U$$ 160 milhões (R$ 907 milhões, em valores atuais) para impulsionar o Programa de Redução de Riscos de Inundações e Melhorias Urbanas na Bacia do Ribeirão Isidoro, no vetor Norte belo-horizontino. Foram 27 votos a favor do projeto; 12 parlamentares foram contrários e uma abstenção. Para a aprovação, eram necessários 28 votos.

Segundo o texto, o montante seria fornecido pelo Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) – ou outra instituição financeira. A proposta, enviada por Kalil em setembro do ano passado, constava na pauta da reunião plenária da manhã desta terça.

A ausência de quórum necessário para a votação, contudo, empurrou a análise do projeto para a tarde

Parlamentares que, inicialmente, eram contrários à ideia, foram convencidos por aliados da prefeitura sobre a necessidade da aprovação. Apesar disso, Cláudio do Mundo Novo, que é filiado ao PSD, a mesma legenda do chefe do Executivo municipal, não participou da votação. Vereadores contrários ao projeto chegaram a dizer que o pedido de empréstimo não trazia informações de absolutamente nada, que o PL era incoerente, já que Alexandre Kalil anunciou em toda a sua campanha para a reeleição que o dinheiro para as obras já estavam em caixa. O vereador Nikolas Ferreira (PRTB) chegou a publicar o vídeo de campanha de kalil onde o prefeito, ainda candidato afirmava: “Então a conversa fiada de Vilarinho acabou, o dinheiro está lá dentro da prefeitura e o projeto tá pronto”.

Em setembro de 2020, a prefeitura conseguiu aporte de R$ 200 milhões em um convênio com a Caixa Econômica Federal para custear a segunda etapa das obras contra enchentes na Avenida Vilarinho.

Se houvesse aval Legislativo à captação dos cerca de R$ 907 milhões, imóveis irregulares que circundam a Bacia do Isidoro seriam beneficiados.

Perseguição aos que votaram contra 

Após a derrota na Câmara Municipal um e-mail foi enviado pelo gabinete do prefeito Alexandre Kalil (PSD) a todo o primeiro escalão da PBH, dizendo que ninguém, a não ser ele próprio, poderia atender pessoalmente 13 dos 41 vereadores da cidade, tornou ainda mais delicadas as relações entre Executivo e Legislativo na capital.

A mensagem foi assinada pela secretária direta de Kalil, Elisabeth Cristina Silva, e foi direcionada a parlamentares que se opuseram ou se abstiveram do projeto. Na Câmara Municipal, vereadores disseram ter visto o comunicado de Kalil como uma retaliação pela derrota sofrida no projeto que ele considerava crucial. Já segundo a assessoria da Prefeitura de Belo Horizonte, a ideia do e-mail, teria sido uma forma encontrada por Alexandre Kalil de “conversar pessoalmente com os parlamentares e entender os motivos de terem votado contra um projeto tão importante para a cidade”.

O e-mail, que circulou bastante nas redes sociais, foi enviado, na verdade, no dia 17 de março, um dia após a rejeição ao PL do empréstimo. No texto, o prefeito da capital cita os parlamentares que, se quiserem falar com a Prefeitura de BH, deverão procurar somente o prefeito – que, por sua vez, os atenderá, “pessoalmente, quando julgar necessário”, conforme o e-mail.

Os vereadores citados são: Bráulio Lara, Fernanda AltoÉ e Marcela Trópia (Novo); Cláudio do Mundo Novo (PSD); José Ferreira, Professora Marli, Rubão e Wilsinho da Tabu (PP); Ciro Pereira (PTB); Flávia Borja (Avante); Nikolas Ferreira (PRTB); Juliano Lopes (PTC) e Wesley (Pros).

Prefeitura responde 

Em nota, após confirmar a veracidade do e-mail, a assessoria da Prefeitura de Belo Horizonte informou que Alexandre Kalil de forma alguma estaria se negando a dialogar com nenhum vereador. O secretário de governo da Prefeitura, Adalclever Lopes, afirmou, por sua vez, que a posição do prefeito é um esforço para compreender os pontos de vista que levaram à rejeição do PL. “O prefeito quer recompor a base, dialogar, não existe isso de retaliação”, destaca.

Na Câmara de belo Horizonte, a divulgação do e-mail causou indignação entre os vereadores que teriam se sentido “barrados“ por Alexandre Kalil. O líder do bloco de oposição “Somos mais BH”, Juliano Lopes (PTC), por exemplo, classificou a atitude como “lamentável” e disse que ela demonstra a “forma ditatorial” como o chefe do Executivo municipal comanda a cidade.

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“O prefeito deve estar achando que somos funcionários dele, mas esqueceu que a Câmara é um poder independente”, frisou.

Liderança do Partido  Novo na Câmara de BH, a vereadora Marcela Trópia, indignou-se com a  medida tomada pelo Prefeito e disse que a decisão visa impedir os vereadores de exercerem o papel técnico que lhes cabe. “O prefeito precisa entender que a Câmara Municipal não é um enfeite. Uma das suas funções é justamente fiscalizar o que a Prefeitura faz com o nosso dinheiro, ainda que o prefeito nos ameace e tente impedir a gente de trabalhar”, afirmou a vereadora.

Por Thiago Carvalho

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