26/jan

Mais que torcedor: cliente – Gustavo Lopes

É bastante comum comentários de dirigentes afirmando que o maior patrimônio do clube é o seu torcedor. No entanto, será que na prática os torcedores são realmente tratados como patrimônio? Será que este patrimônio pode gerar receitas expressivas?

No Brasil há a mentalidade de que a presença da torcida está ligada ao resultado desportivo.

Ocorre que a cada temporada apenas um time é campeão brasileiro, outro da Copa do Brasil, alguns poucos dos estaduais e em alguns anos há campeões de competições internacionais.

Segundo a B2C, 21% da receita dos clubes brasileiros decorre de sua relação com a torcida (bilheteria, sócio torcedor, venda de produtos) que equivale a 1,1 bilhão de Reais e apenas 1,6% dos gastos do brasileiro com entretenimento.

Em um país apaixonado por futebol, 99,4% do total gasto com entretenimento não possui ligação com o esporte, ou seja, há um terreno de amplitude colossal a ser explorado pelos clubes.

Segundo relatório “State of the Connected Customer”, publicado pela Salesforce, 84% das pessoas afirmam que a experiência oferecida é tão importante quando seus produtos ou serviços.

Aplicando-se ao futebol, pode-se afirmar que independente do resultado esportivo (produto) entregue pelo clube, a experiência oferecida é capaz de atrair, fidelizar e, sobretudo, aumentar a receita com os torcedores que são, no final das contas clientes.

É impossível que todos os clubes sejam campeões, mas todos podem oferecer experiências inesquecíveis ao seu torcedor.

A fim de fidelizar seu torcedor e aumentar suas receitas, os clubes europeus e as ligas americanas fazem de cada partida uma experiência única denominada “game day”. No dia do jogo, os torcedores podem chegar bem cedo ao estádio e participar de feiras e eventos, almoçar em um restaurante temático, interagir com mascotes e ídolos do clube e ter, ao final, como cereja do bolo, o jogo em si.

Ao voltar para casa, o torcedor, independente do resultado desportivo, carrega a experiência de um dia inesquecível.

Mais que torcedores, os clubes possuem clientes e se não é possível entregar a eles títulos todos os anos, leve a eles encantamento e experiência.

Mais do que ninguém, a Disney entrega aos seus clientes um encantamento ímpar lastreado em quatro padrões de atendimento: segurança, cortesia, espetáculo e experiência.

O torcedor até pode ir ao estádio em busca da vitória de seu clube de coração, mas se esse resultado não pode ser controlado, que se entregue a ele alegria e memórias duradouras gerando emoções como empolgação, pés cansados e voz rouca ao final do dia.

+ Notícias de Esportes

Esse modelo de tratamento do consumidor é denominado “Customer Experience” e se bem trabalhado pode elevar significativamente as receitas dos clubes e o número de torcedores.

O Brasil tem perdido torcedores mirins para clubes europeus como se tem constatado nas ruas com um imenso número de camisas de Barcelona, Real, PSG, etc.

Chegou a hora de uma reação, algo precisa ser feito de forma urgente, sob pena de perdermos nossos clientes para sempre.

Por Gustavo Lopes

Siga Jornal Minas nas redes sociais

Facebook Instagram Twitter Whatsapp 

Compartilhar esta notícia:


Comentários

Ainda não recebemos comentários. Seja o primeiro a deixar sua opinião.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *



Redes sociais
Jornal Minas