11/jun

Moradores do bairro N. Sra. de Fátima em Sabará se unem em torno da solidariedade

Um grupo de 20 moradores do bairro Nossa Senhora de Fátima fará um “Arraial Solidário” na Praça Du Povo nesse sábado. A iniciativa partiu de moradores do bairro sob a intenção de formarem um fundo para que sejam adquiridos produtos de cestas básicas, afim de que sejam doadas para famílias em situação de extrema pobreza.

Evento não terá shows de música e dança, apenas a venda de comidas e bebidas típicas. A ação distribuirá uma grande doação aos moradores menos favorecidos e tem como objetivo amenizar o impacto da pandemia. Os produtos terão preço social de R$1,99.

“Muitas famílias perderam seus empregos, algumas não tem sequer arroz e feijão em casa. Muitas mães estão sem leite para dar aos seus filhos, é hora do povo fazer pelo próprio povo já que nossos representantes políticos não fazem” disse Luiz, um dos organizadores do evento solidário.

A festa estará aberta ao público no sábado. Vale lembrar que todos os protocolos sanitários precisam ser respeitados, como: Uso da máscara obrigatório, fila com distanciamento mínimo e álcool em gel.

“Precisamos dar um pouco da nossa solidariedade, mas cumprindo todos os protocolos exigidos pela Prefeitura e pelos órgãos de saúde. O que queremos é fazer uma ação para ajudar pessoas com fome e extrema miséria, sem causar problemas ou aglomerações. Todos os nossos produtos sairão a preço social, apenas R$ 1,99”, Finalizou Luiz.

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Em meio à pandemia, fome volta para a mesa dos brasileiros

De acordo com o IBGE, 10,3 milhões de brasileiros passam fome. Com a pandemia, o aumento do desemprego e das desigualdades, o problema tem se agravado.

“A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago”. A frase escrita por Carolina Maria de Jesus, no livro ‘Quarto de Despejo’ (1960), retratava a realidade de um país que ainda não via a pobreza e a fome como problemas que merecessem atenção.

Desde então, houve muitos avanços. Programas de combate à fome e políticas públicas de acesso à renda conseguiram tirar, em 2014, o Brasil do Mapa da Fome, instrumento de medida desenvolvido pela Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) da ONU.

O Mapa se debruça sobre países em que mais de 5% da população vive em estado de desnutrição. No último relatório, divulgado neste ano, o Brasil registrava uma taxa de 2,5%, uma vez que só é medido o que é classificado no país como insegurança alimentar grave.

Contudo, o desmonte de políticas públicas a partir da PEC do teto de gastos, agravado pela pandemia causada pelo novo coronavírus, traz de volta a realidade vivida por Carolina Maria de Jesus.

Uma geladeira vazia

Para Lis Furlani Blanco, doutoranda na Unicamp e pesquisadora da área de Antropologia das Políticas Públicas e Alimentação, a Pesquisa de Orçamento Familiar no Brasil (POF) de 2017-2018, que aplicou a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), constrói um panorama mais amplo da fome no país.

O estudo revelou que 37% dos domicílios no Brasil estavam com algum grau de insegurança alimentar e que a insegurança alimentar grave era a realidade de 5% dos lares do país.

“São famílias que não têm garantido um direito previsto da Constituição Federal que diz respeito à alimentação adequada, tanto num sentido quantitativo quanto qualitativo. Talvez devêssemos pensar que não só o Brasil voltou ao Mapa da Fome, como na verdade, ele nunca saiu”, argumenta.

O geógrafo e ativista do combate à fome Josué de Castro já abordava em suas obras, ainda na década de 1940, a existência de dois tipos de fome: a epidêmica, causada por crises de fome agudas, e a endêmica, um tipo de fome com a qual se convive diariamente, de forma oculta.

“Ela [fome endêmica] é resultado de processos socioeconômicos estruturais, que impactam diretamente na vida de pessoas, fazendo com que uma grande parte da população coma menos do que gostaria, coma alimentos de má qualidade nutricional, pule refeições, deixe de comer para que os filhos comam, ou ainda não possa escolher o que comer”, exemplifica.

Blanco ressalta que é necessário entender a fome como um processo, variando do risco e preocupação até a privação total dos alimentos.

“Existem diversos quadros de fome no Brasil. Precisamos compreender todos eles como uma violação de um direito garantido. É essencial cobrar políticas que ao menos mitiguem essa situação”.

Nesta perspectiva, ter apenas alimentos hipercalóricos e pouco nutritivos, mas que têm preços mais acessíveis, ou se alimentar apenas através de sobras de comida, também configurariam violação de um direito. Esse cenário é recorrente para as familiais em extrema pobreza e as pessoas em situação de rua.

Em Sabará, uma das oportunidades para que essas famílias consigam uma alimentação mais nutritiva é o programa de cestas básicas, que oferece cestas que são advindas da paralização escolar e que faziam parte da merenda dos alunos.

Mas como já foi apontado por essas famílias, “nem para todo mundo é acessível conseguir a cesta, por exemplo, alunos das escolas estaduais não tem direito”. A afirmação foi feita por Mirian Alves, 28, que está desempregada e não recebe a cesta da prefeitura.

Ações solidárias como essas devem ser estimuladas, e o Jornal Minas terá a enorme satisfação em divulga-las. Parabéns aos moradores do Fátima!

Por Redação

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