02/jun

Motoristas recebem mais que médicos na prefeitura de Rio Acima

Em tempos de pandemia, ser motorista de ambulância se torna ainda mais importante. São eles os responsáveis por dirigir os veículos que transportam pessoas sofrendo e que, quando tentam respirar, não encontram oxigênio. No entanto, a profissão tem gerado revolta entre moradores da cidade de Rio Acima.

Segundo reportagem da Radio Itatiaia, o município tem cerca de 10 mil habitantes, sendo que 14 deles trabalham como motorista de ambulância. A revolta da população se refere ao valor do salário dos profissionais. Isso porque oito motoristas recebem mais de R$ 3 mil, quatro profissionais têm vencimento de R$ 4 mil e, dois trabalhadores ganham mais de R$ 5 mil, sendo que um deles recebe R$ 6,200.

A população se revolta com os valores pagos pela prefeitura aos profissionais, uma vez que o piso da categoria é de R$ 2.600.

Segundo o portal da transparência do município, um único motorista recebeu, nos 3 primeiros meses, R$ 18.845. O mesmo portal da transparência aponta que o vencimento mensal desse motorista é de R$ 3.332,20, mas o valor vai aumentando conforme os adicionais, que, neste caso, somam R$ 3 mil.

Enquanto isso, uma médica pediatra da cidade tem remuneração bruta de cerca de R$ 3.500, sendo que R$ 200 são referentes ao adicional de insalubridade.

O mesmo ocorre com alguns médicos plantonistas da cidade. No entanto, nesse caso, a maior parte da remuneração bruta, que pode passar de R$ 10 mil, vem dos plantões operados por esses médicos. Ou seja, em Rio Acima, um motorista de ambulância tem vencimentos semelhantes ou até maiores do que os médicos.

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Sindicato

Itatiaia, então, depois de apurar essas contradições, conversou com o presidente do Simeclodif, o sindicato que representa os motoristas de Samu de BH e região metropolitana, Natanael Dias de Moura, para entender essa remuneração da categoria.

“O Simeclodif tem convenção coletiva com o Sindicatos de Asseio e Conservação, que prevê piso para motoristas de ambulância no valor aproximado de R$2.696. Tem empresas que não cumprem o piso por entenderem que não são representadas pelo sindicato patronal. Especificamente para o Samu, o sindicato tem acordo coletivo. Quando a empresa é contratada, prevê o pagamento de R$ 2.090, além do auxílio alimentação (R$ 27), cesta básica (R$147,50), plano de saúde familiar e plano odontológico familiar também”.

O presidente do Simeclodif completa: “Agora, a nossa convenção não prevê motorista ganhando R$ 6 mil. A nossa convenção não prevê isso. Nenhuma prefeitura nem empresa privada. O piso salarial é de R$ 2.696”.

Em conversa com a Rádio Itatiaia, um servidor público, que não vai ser identificado, se revolta com os altos salários pagos aos motoristas de ambulância de Rio Acima.

“O que está acontecendo aqui não pode. Uns prejudicados demais e outros beneficiados demais. Motoristas de ambulância ganhando mais que o médico. O médico que tem uma responsabilidade fora de série recebe menos que o motorista de ambulância”, se revolta.

Prefeitura de Rio Acima

A Rádio Itatiaia entrou em contato com a Prefeitura de Rio Acima, para pedir esclarecimentos sobre a questão. Inicialmente, a prefeitura estava disposta a dar uma entrevista sobre o caso, mas algumas horas antes do horário marcado, a entrevista foi cancelada e a administração municipal enviou uma nota.

A prefeitura creditou os altos salários dos motoristas de ambulância ao Plano de Carreiras do Município, que garante concessões de vantagens aos servidores efetivos por tempo de serviços, como promoções, progressões e outras vantagens.

O executivo ainda declarou que o salário inicial do cargo de motorista II (como é chamado o cargo do motorista de ambulância na cidade) é de R$ 1.264, por mês. Além disso, estão incluídos nos vencimentos, 20% de insalubridade, ? do vencimento de sobreaviso e mais adicionais noturnos. Ou seja, todos os salários que divergem desse valor seriam consequências de promoções de carreira.

Em relação à diferença entre os salários dos motoristas e da médica pediatra, a prefeitura declarou que a profissional está afastada do cargo, uma vez que é do grupo de risco para agravamento da covid-19. Desse modo, ela não está recebendo por plantões.

Apesar das explicações da prefeitura, o portal da transparência da cidade aponta que vários médicos ainda possuem vencimentos mais baixos do que alguns motoristas, se descontados os plantões realizados.

A reportagem também procurou o Ministério Público de Minas Gerais, que informou que, por enquanto, não há procedimentos abertos para investigar a situação em Rio Acima.

Por Redação
Com informações da Radio Itatiaia

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