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A vereadora Juliana Sales solicitou ao prefeito João Marcelo esclarecimentos sobre a intenção de compra de três medicamentos, considerados sem eficácia comprovada, para o tratamento da Covid-19: hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina.
No texto, assinado pela parlamentar, ela pede que o Executivo apresente “estudos técnicos utilizados para justificar o referido processo licitatório” e também “motivação para realizar tais gastos em detrimento da aquisição de mais vacinas e insumos no combate à pandemia do novo coronavírus”.
O ofício emitido pela vereadora, na sexta-fetira (22), pretende fiscalizar o propósito da possível aquisição dos fármacos já que, após divulgação, também realizada ontem , do edital de pregão, a Prefeitura de Nova Lima vai na contramão da ciência. Os medicamentos listados no documento são refutados por profissionais da área de saúde, estudos científicos internacionais e órgãos como o Conselho Nacional de Saúde
(CNS) e Anvisa, que já emitiram diversos comunicados atestando a ineficácia e desencorajando o tratamento.
O médico infectologista Dr. Guenael Freire, da Secretaria de Saúde de Nova Lima, é uma das autoridades no assunto que alerta sobre a ineficácia da medicação. A orientação de Dr. Guenael é embasada tanto pelos estudos científicos, quanto pelo exercício da profissão. Ele explica que “é preciso saber que a COVID-19 tem evolução imprevisível, mas na maioria das vezes o quadro é leve, como uma gripe. E o tratamento, nestes casos, é reduzindo os sintomas com repouso e hidratação”. É diante desse cenário, que pode surgir a convicção de que os medicamentos são eficientes, o que na opinião dele, não é verdade. Ele esclarece que, em casos leves, se for prescrito determinado medicamento “o paciente vai melhorar com, sem ou apesar da medicação”. Ou seja, não foi o remédio em si que melhorou o quadro do paciente, mas o fato de que o estado não era tão grave.
À frente do combate à COVID-19 desde o início da pandemia, o infectologista relata que os Centros de Terapia Intensiva (CTIs) estão repletos de pessoas que fizeram o tratamento precoce, ou seja, utilizaram medicamentos para não se infectar ou não deixar a doença evoluir. Ele diz que “muitos morreram acreditando que eles ofereciam alguma proteção”.
Recentemente, o médico diz ter recebido o áudio de uma pessoa que relatava “que na família dela todos fizeram o tratamento preventivo e quase todos adoeceram, e o pai precisou ficar hospitalizado”. “Se realmente fosse útil”, continua o médico, “não iria proteger estas pessoas e o homem da hospitalização”?
População reage
Desde o anúncio do edital, nova-limenses têm questionado a postura da Secretaria de Saúde e, principalmente, a preocupação em relação ao uso do erário.
A Bacharel em Direito Elisabete Oliveria, define a atitude como um “desatino do prefeito João Marcelo” e diz não conseguir entender essa iniciativa “Já vimos vários estudos e opiniões de médicos e especialistas que falam de uma forma bem clara que não existe eficácia. Fico muito desconfiada desse desespero dos políticos em enfiar essa cloronoquina na população”, desabafa.
Apesar de a maioria dos moradores questionarem, há opiniões também favoráveis, como a do comerciante Leonardo Fernandes. Ele explica que nesse cenário de pandemia “cientistas, médicos, políticos e a população possuem opiniões diversas e ainda não foi estabelecida a verdade absoluta sobre o vírus e seu tratamento.” Ele observa que “em vista que inúmeras pessoas relatam melhoras na saúde com o uso dos medicamentos hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, a prefeitura de Nova Lima faz bem em adquirir e colocá-los à disposição da população”, explica. Sobre a comprovação científica, ele diz que também não há provas de que “o uso de máscaras e fechamento de comércio são eficazes na prevenção da doença, no entanto vários prefeitos optam por essas medidas por acreditarem que serão benéficas”.
Porém nas redes sociais, o que não faltam são críticas. Veja algumas a baixo:
Prefeitura de Nova Lima comprando cloroquina e ivermectina pra combater covid. A vergonha, meu santo…
— Débora Borges, a Distraída (@dmoborges) January 22, 2021
nova lima submetendo edital pra comprar cloroquina, era essa a renovação?
— Gustavo Nepomuceno (@semgracejos) January 22, 2021
Haa pronto Nova Lima passando vergonha no jornal, por indicar cloroquina por prevenção sendo que não tem nenhum estudo que comprova a eficiência🤦🏼♀️
— Lari (@lari_almeidasil) January 22, 2021
Prefeitura diz ser medida de urgência, porém não obrigatória
No edital, a Prefeitura afirma que a medida é mais um dos esforços para “enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus”. A previsão é de aquisição de 60 mil comprimidos de hidroxicloroquina de 400 mg; 100 mil de ivermectina, de 6 mg, e 20 mil comprimidos de azitromicina, de 500 mg e o custo estimado é de R$ 637.812. O pregão será realizado no dia 27, às 9h.
Em nota à imprensa, a prefeitura justifica que “não se trata de uso obrigatório desses medicamentos e nem de distribuição em massa, e sim de mais um serviço que a população terá acesso em decisão compartilhada com seu médico”.
A resposta da Administração, no entanto, aflige e deixa ainda mais indignada a população, pois, mesmo que seja um tratamento que pode ou não ser utilizado de acordo com decisão entre médico e paciente, a aquisição, na opinião dos nova-limenses, é descuido com o dinheiro público de uma cidade que, desde 2017 enfrenta austeridade fiscal. Para a advogada Elisabete Oliveira, essa atitude é “um crime contra a população e a Câmara e o Ministério Público devem investigar”. Na opinião dela, “a cidade carece de investimentos e o dinheiro do contribuinte não pode ser desperdiçado”.
Dr. Guenael, ratifica a preocupação com o destino dos recursos públicos. Uma das questões que ele aponta em relação à aquisição dos medicamentos pelo Executivo é o custo. “Se quer usar medicamento sem efeito por conta própria, menos mal. Mas o poder público não pode gastar o dinheiro do povo com medicamentos sem eficácia”, explica.
Por Thiago Carvalho
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