27/maio

Herói nova-limense: Sr. Jonas salva cinco vidas por meio da doação de órgãos

Para a vizinhança, “Seu Jonas”; para a família, “Tio Preto”, “Pretinho”, “Vovô” e “Pai”; mas para a eternidade, “Herói”. É assim que Jonas Sobrinho, um nova-limense que salvou cinco vidas por meio da doação da órgãos, será lembrado pela comunidade.

Em um gesto de amor e generosidade, sua família decidiu doar seus órgãos após seu falecimento, vítima de AVC. Essa atitude altruísta não só trouxe conforto aos seus familiares, como também proporcionou uma nova chance para aqueles que aguardavam na fila de transplante.

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Pai do Luiz e da Jéssica, ele era um cruzeirense de 64 anos, descrito pela sua filha como um homem forte que exercia sua profissão de pedreiro com muito capricho. Vaidoso e esportista, amava futebol e até se arriscava no campo, mas teve que interromper essa paixão quando se machucou. Amante da música, adorava tocar violão e tinha pelo filho Luiz um imenso orgulho por seu talento como cantor. Viúvo da Sra. Ordália, morava com seu irmão, Robson, no bairro Nossa Senhora de Fátima, em Nova Lima.

Para Jéssica, ele era o melhor pai e avô do mundo, uma figura presente sempre ajudando e apoiando incondicionalmente. Ela ainda descreve com carinho a personalidade de seu pai, sua força, vaidade e atenção com todos ao seu redor.

A perda de um ente querido é sempre dolorosa, e os filhos de Jonas vivenciaram essa dor intensamente. No entanto, eles encontraram conforto e aceitaram ao saber que a generosidade de seu pai poderia salvar outras vidas.

A decisão em autorizar a doação dos órgãos, a filha atribui a tudo o que ele representou. Mesmo sem terem tido uma conversa específica sobre o assunto, eles sabiam que seu pai faria essa escolha, pois ele sempre foi alguém bom e generoso. No momento de dor, foi o seu tio Antônio quem falou sobre essa possibilidade, assunto que naquele momento não conseguiam assimilar, mas que foi crucial para tomarem essa decisão. Em outra ocasião, a experiência de acompanhar outro ente próximo no CTI e assistir de perto a aflição de quem aguardava na fila de transplante, também contribuiu para despertar a consciência sobre a importância da doação de órgãos. “Não era nosso caso, mas nós víamos a luta de crianças e pessoas cheias de sonhos. E se fosse o contrário?”, reflete.

No Brasil, a fila de transplantes é um desafio constante. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mais de 50 mil pessoas estão na fila de espera aguardando um órgão compatível.
Essa realidade reforça a importância de conscientizar a população sobre o tema e a necessidade de promover conversas sobre esse assunto, mesmo em momentos de saúde plena. Além disso, expressar essa vontade por meio de autorização, como no registro de identidade, facilita a tomada de decisão nesses momentos.
Jéssica, por exemplo, deseja renovar a o seu RG para inserir essa informação, como também já compartilhou com sua filha, de apenas 10 anos, a importância desse ato. “Eu contei pra ela como o vovô ajudou as pessoas, ela entendeu e ficou feliz”, conta.

Jéssica também diz que os profissionais de saúde desempenham um papel fundamental no momento ao oferecer suporte, orientação e empatia aos entes enlutados. E no Hospital Nossa de Lourdes, ela relata que eles encontraram esse apoio “com a enfermeira Dani, a Dra. Juliana e o Dr. Alexandre. Eles foram anjos prestando cuidados e apoio durante todo o processo”, diz.

O legado deixado por Jonas transcende a felicidade que ele trouxe às pessoas enquanto esteve vivo. Seu ato benevolente continua a habitar aqueles que receberam seus órgãos. A família sente-se abençoada por ter tido a oportunidade de contribuir para a salvação de vidas e, ao mesmo tempo, honrar a memória de um homem generoso e amoroso.

Por Ana Carina
Foto: Arquivo Pessoal

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