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Desabafo de viúvo de Cassiana revela falhas no atendimento do SUS em Nova Lima

Em um comovente desabafo, Emerson Gonçalves Dos Santos, viúvo de Cassiana Luiza Eliseu dos Santos,  questiona a qualidade do atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) em Nova Lima. A história revela uma série de falhas no processo de diagnóstico e tratamento, resultando na perda irreparável de uma mãe, esposa e profissional. Neste domingo (10), completa exatos um mês do falecimento de Cassiana 

No  dia 8 de novembro de 2023, Cassiana, uma bacharel em direito de 42 anos, mãe de dois filhos, deu entrada na Unidade Básica de Saúde (UBS) José de Almeida, em Nova Lima, queixando-se de falta de ar, cansaço excessivo, dor no peito e sensação de desmaios. O atendimento inicial levantou sérias preocupações, mas o desfecho dessa tragédia expõe lacunas críticas no sistema de saúde público.

Segundo Emerson ao ser atendida na UBS do bairro José de Almeida, Cassiana teve sua pressão arterial medida de forma errada, e a médica diagnosticou um quadro de Labirinti e sugeriu uma medicação que não estava disponível no estoque da unidade. Diante da falta do medicamento, a recomendação foi buscar atendimento de urgência em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Sede de Nova Lima.

Ele conta que no trajeto para a UPA, sem encaminhamento da UBS, a situação de Cassiana se agravou. Ao chegar na UPA, a enfermagem a classificou como não urgente (fitac verde) e indicou uma espera prolongada. Diante da demora, Emerson, decidiu buscar atendimento no Hospital N Sra. de Lurdes, onde novamente enfrentaram longas esperas e diagnósticos superficiais.

A demora no atendimento resultou em consequências graves. Cassiana, com a saúde cada vez mais deteriorada, foi finalmente atendida por um médico que, sem examiná-la adequadamente, solicitou exames e receitou medicação intravenosa. A situação se agravou quando, horas depois, a paciente teve uma parada cardíaca, não resistindo.

Em contato com o Jornal Minas a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Lima, prestou condolências pelo falecimento de Cassiana e expressa profundo pesar aos seus amigos e familiares.  Além de informar que “a UBS José de Almeida desempenha um papel crucial no atendimento a uma significativa população, abrangendo 31 bairros e aproximadamente 5 mil usuários.” Sobre a falta de medicamento, informou  “que todas as UBS do município mantém uma lista de medicamentos padronizados, e no dia do atendimento à paciente em questão, nenhum medicamento estava em falta na UBS.”

A historia de Cassiana, que passou por quatro médicos do SUS em Nova Lima em apenas três dias, ilustra as deficiências alarmantes no sistema de saúde público. A falta de prontidão, a escassez de medicamentos e os diagnósticos superficiais levaram a uma tragédia evitável. A família, agora enlutada, exige uma investigação rigorosa e ações corretivas para que outras vidas não sejam perdidas devido a falhas no atendimento do SUS. Este caso chama a atenção para a necessidade urgente de melhorias no sistema de saúde, visando garantir um atendimento eficiente e digno a todos os cidadãos.

Veja resposta na íntegra da Prefeitura de Nova Lima

“A Prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal de Saúde, apresenta suas sinceras condolências pelo falecimento de Cassiana Luiza Eliseu dos Santos e expressa profundo pesar aos seus amigos e familiares.

A UBS José de Almeida desempenha um papel crucial no atendimento a uma significativa população, abrangendo 31 bairros e aproximadamente 5 mil usuários. A equipe de saúde da unidade é formada por profissionais dedicados, incluindo médicos generalistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos especialistas e agentes comunitários de saúde.

Compreendemos a importância da presença contínua de profissionais de saúde e estamos comprometidos em manter o quadro completo. No entanto, é importante ressaltar que imprevistos, como afastamentos não previstos devido a atestados médicos, podem impactar temporariamente a disponibilidade de alguns profissionais.

É fundamental destacar que a UBS José de Almeida opera como uma unidade de Atenção Básica, conforme preconizado pela Política Nacional de Atenção Básica. Diante da ausência não prevista de um profissional médico, nossa equipe de enfermagem segue protocolos assistenciais rigorosos para acolher os pacientes e, em casos agudos, encaminhá-los para o serviço de urgência.

Ressaltamos ainda, que todas as UBS do município mantém uma lista de medicamentos padronizados, e no dia do atendimento à paciente em questão, nenhum medicamento estava em falta na UBS.

Com relação ao atendimento na unidade de urgência, informamos que no dia 08/11 às 14:29, a paciente deu entrada na UPA e fez a classificação de risco Manchester, triada como verde , foi chamada  pelo médico às 15:59 e não respondeu ao chamado. Constatando-se que a mesma não aguardou pela consulta dentro do prazo de 2 horas que é o tempo de espera da classificação verde conforme a classificação de Manchester.

Retornando à UPA no dia 10/11, a paciente foi classificada como amarelo às 19:26, sendo chamada pelo médico às 19:56, dentro do prazo de 40 minutos na classificação amarelo, conclui-se, portanto, que, no serviço de urgência, a paciente foi atendida de acordo com os protocolos existentes.

Reafirmamos nosso compromisso inabalável com a qualidade no atendimento à saúde.”

Por Gisele Maia
Foto Redes sociais

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