Desabafo de viúvo de Cassiana revela falhas no atendimento do SUS em Nova Lima
Em um comovente desabafo, Emerson Gonçalves Dos Santos, viúvo de Cassiana Luiza Eliseu dos Santos, questio ...
O ano letivo da rede municipal de ensino em Nova Lima começou com um ciclo de palestras. O evento será transmitido, ao vivo, pelo canal do YouTube Prefeitura de Nova Lima Oficial, nos dias 3 e 8 a 12 de fevereiro e abordará temas sobre educação e tecnologia. De acordo com a assessoria da prefeitura, “o objetivo do Governo Municipal é envolver toda a população no debate sobre educação e a tecnologia, no contexto da pandemia”.
A proposta buscar facilitar a compreensão e a interação da comunidade escolar a respeito dos desafios e o novo cenário vivido por pais, alunos e professores, diante da “necessidade do ensino à distância, trazida pela pandemia da Covid-19”.
A palestra magna “Ensino híbrido, para quê? – Como o vírus trouxe a humanização e a tecnologia para o debate”, foi exibida ontem (3) e está disponível na plataforma.
Do dia 8 a 12 de fevereiro, sempre às 14h, começará a “Semana Acadêmica: Educação para Interações On-line”, com temas que abordam “principalmente a relação do professor e da criança com a tecnologia, o uso de ferramentas digitais na sala de aula e os desafios e processos de alfabetização e letramento em tempos de pandemia”.
Aulas remotas começam no dia 18
Os alunos da rede municipal retornam às aulas, no dia 18 de fevereiro, ainda de forma remota. A prefeitura informou em nota, que o formato é o mesmo que foi finalizado em 2020, por meio do Projeto Estudando em Família, na qual as atividades são realizadas em casa pelo aluno, mediante a entrega semanal de apostilas. Ainda de acordo com o comunicado, “não haverá regras diferentes para as faixas etárias, sendo todos os alunos matriculados contemplados com a volta às aulas”.
Carta de pediatras para reabertura das escolas gerou polêmica e retorno presencial ainda não tem definição
Pediatras da rede municipal e da Fundação Hospitalar Nossa Senhora de Lourdes enviaram, na semana passada, um manifesto ao Executivo Municipal solicitando a reabertura das escolas. Na carta, os profissionais de saúde pedem que “o poder público trate a educação como serviço essencial e prioritário” e, dessa forma, promova “a reabertura das escolas, com protocolos de segurança”. No documento, os especialistas afirmam que há registros de “baixa carga viral e de transmissibilidade naqueles menores de 10 anos”. Ainda de acordo com o texto, apesar da suposição inicial, dados apontam que as crianças se infectam “até duas a cinco vezes menos” do que os adultos e representam “0,7% do total de mortes” e “2% a 3% das admissões hospitalares” atribuídos à Covid-19 em diversos países.” Em Nova Lima, os profissionais declaram que ocorreram, no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, “duas internações em enfermaria de pediatria com positividade para o teste de Covid-19” e nenhum óbito de crianças.
Em contrapartida, os profissionais alegam que “os danos mentais, sociais e físicos são inegáveis e irreparáveis”. Segundos os pediatras, houve aumento no número de atendimentos em ambulatórios e no pronto atendimento, de patologias que não faziam parte da rotina, como “obesidade, distúrbios do sono, alterações de comportamento (ansiedade, agressividade, compulsão, depressão, ideias suicidas), além de intoxicações exógenas e acidentes domésticos”.
Nas redes sociais, nova-limenses reagiram à carta e demonstraram preocupação com a logística que envolve o retorno às aulas e como esse processo põe em risco os agentes envolvidos como motoristas de vans e profissionais do setor da educação.
A psicóloga nova-limense, Cristiane Nunes, discorda do manifesto. A especialista, que atende crianças e adolescentes no SUS, alerta para a dificuldade das instituições de ensino em manter a desinfecção constante das superfícies e, assim, oferecer condições seguras e adequadas para o desenvolvimento das crianças, principalmente com relação ao distanciamento entre elas. A exploração sensorial do espaço faz parte do processo de desenvolvimento infantil, o que levaria à necessidade de um controle rigoroso. “As crianças descobrem o mundo e se desenvolvem explorando os ambientes físicos, literalmente tocando-os, lambendo-os e cheirando os objetos como brinquedos, superfícies, como também, na interação entre elas, com abraços, beijos e às vezes mordidas”, diz. Nesse caso, a psicóloga explica que, “as crianças não conseguiriam estar nos ambientes escolares travadas e limitadas nessa exploração tão necessária, em função da pandemia”. O uso da máscara é outro fator de preocupação, já que elas dificilmente toleram “as máscaras por mais de uma hora”, diz. Quanto aos adolescentes, a especialista alerta sobre a dificuldade de eles seguirem normas sanitárias e o “gosto pela exposição ao risco e a dificuldade de aderirem às regras sociais”. Cristiane Nunes também refuta os dados apresentados no manifesto, alegando que, “segundo pesquisas recentes, a nova mutação da Covid-19, infecta um maior número de crianças e adolescentes e CTIs infantis estão sofrendo superlotação desse público”. A especialista acrescenta ainda que, nessa semana, ocorreu a morte de uma criança por Covid em Belo Horizonte. “Os infectologistas, inclusive a Associação Brasileira de Pediatria, não recomenda a volta às aulas nesse panorama”, conclui.
Cristiane Nunes, psicóloga – Moradora do bairro Vila Operaria
Já a auxiliar administrativo Juliana Moura é a favor da reabertura das escolas. Para ela, existe uma contradição nas regras que determinam o funcionamento de diversos estabelecimentos como escolas esportivas e de dança, enquanto que as instituições de ensino permanecem fechadas. “Há pessoas na rua, lojas abertas, crianças indo ao clube, saindo, viajando, mas a escola não pode abrir?”, questiona.
Juliana Moura, auxiliar administrativo – Moradora do bairro Cascalho
Nesta quarta-feira (3) alguns vereadores se reuniram com um grupo de professores da rede municIpal e estadual. O vereador Thiago Almeida publicou em suas redes sociais que “É muito importante que nos tornemos uma ponte efetiva entre os interesses públicos e o Poder Executivo. Estamos trabalhando pelo o melhor para Nova Lima.”
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“Iniciar os trabalhos dialogando com os servidores, profissionais e comunidade é o caminho para conseguir alcançar as metas do trabalho legislativo. A casa e os nossos gabinetes estarão de portas abertas a todas as demandas para juntos, fazermos a diferença nessa gestão. É um novo tempo de mudanças e o momento é agora: ouvir, participar e fazer diferença no dia a dia das pessoas”, declara a ex-secretária de educação e, atual vereadora Viviane Matos. Sob a gestão de Matos, a educação municipal atingiu os melhores índices do IDEB em sua história e deu início ao processo de municipalização das escolas estaduais.
Prefeitura seguirá orientação da Secretaria do Estado
Em nota, a Prefeitura esclarece que não possui autonomia “para determinar a volta das aulas presenciais, ainda que achasse oportuno neste momento”. A Administração Municipal seguirá, portanto, o que estabelece a Secretaria de Estado de Educação e recomendações do Comitê de Combate à Covid-19. De acordo com o comunicado, o Executivo “tem trabalhado para a retomada das aulas presenciais, que é uma das metas do Plano de Recuperação Socioeconômica” e devem ocorrer de forma gradativa.
A redação entrou em contato com a Comunicação do Hospital Nossa Senhora de Lourdes e, por telefone, a Dra. Mariana Pimenta informou que o objetivo do manifesto é iniciar a discussão com o poder público sobre o planejamento da volta às aulas, com total segurança.
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