16/mar

Politize – Entrevista Carlinhos Rodrigues

Nesta terça-feira (16) o ex-prefeito de Nova Lima, Carlinhos Rodirgues, o “Professor” como é chamado pela cidade, conversou com o colunista político do Jornal Minas, Thiago Carvalho. Em um bate papo sobre as eleições 2022 falou sobre sua candidatura a deputado e uma possível volta ao PT. Leia a entrevista Politize desta semana:

Thiago Carvalho – Desde a ultima entrevista ao Jornal Minas, nós não haviamos conversado, por isso quero te parabénizar pela bonita campanha nas ultimas eleições. Acabamos de sair de um processo eleitoral, porém a política segue agitada em todas as esferas. Você, apesar do pouco tempo de campanha conquistou uma expressiva votação em 2020. Como você avalia sua campanha e qual eleitor manteve a fidelidade após estes anos fora da política?

Carlinhos Rodrigues – Primeiro quero agradecer a nossa população, o reconhecimento e acolhimento a nossa candidatura.

Articulávamos uma ampla frente política, que não se concretizou pelos fatos que toda a sociedade novalimense conhece.

Após os desfalques, a dispersão subsequente, tentamos ainda unificar os que permaneceram, mas que optaram por seguir rumos próprios, tornando-se impossível unificar uma frente, por mínima que fosse.

Não restou ao nosso grupo, colocadas as candidaturas dos partidos de centro e de esquerda, que vinham participando da frente, lançar também, um nome ao pleito.

Há pouco mais de 40 dias para eleição, a duras penas, decidimos pelo nosso nome, mesmo sabendo das dificuldades que viriam.

Nessas condições, decidimos de última hora, sem chapa proporcional construída com antecedência, partido em formação, sem alianças e apoios de organizações da sociedade civil, ficou muito difícil tocar a campanha.

Some-se a isso, a falta de recursos (só tivemos material impresso na última semana), e o nosso principal problema. O de estar com uma candidatura sob judice, fato amplamente explorado pelos adversários, em especial pelos nossos aliados de um passado recente.

Dadas estas condições, podemos dizer, que tivemos votação honrosa e que nos habilita a continuar participando da vida pública do nosso Município.

Quanto a questão da fidelidade, não podemos cobrar do eleitor.

Quando colocamos nossa campanha, compromissos já haviam sidos assumidos, candidaturas de vereadores e prefeitos plantadas e não tínhamos sequer estrutura para fazer o enfrentamento.

Não me sinto no direito de cobrar lealdade de ninguém.

Mas me sinto obrigado a agradecer a quem, mesmo com toda anti-campanha que sofremos, manteve a confiança.

Thiago – Durante a campanha de 2020 você enfrentou além do processo eleitoral, um processo jurídico no qual o atual prefeito de Nova Lima, João Marcelo tentou impedir sua candidatura. Como está sua situação jurídica neste momento? Os votos que você recebeu foram validados pelo TRE?

Carlinhos – Um único partido entrou com pedidos de impugnação, o que deixou todos os outros partidos na confortável posição de não precisar entrar.

Mas todos, quase sem exceção, atacaram a situação jurídica da nossa candidatura.

Continuo na luta pela anulação dos processos que colocaram nossa candidatura sob judice. Esperamos obter sucesso em breve.

Os votos, diferente do que se dizia, foram contados, validados e publicados e se tivesse obtido êxito eleitoral, teria buscado a urgência na decisão final.

Se tivéssemos obtido o primeiro lugar, amanhã, se conseguíssemos sucesso nas ações, teríamos o direito de assumir a prefeitura, substituindo o segundo lugar, que estaria no exercício.

Por saber disso, insistimos no processo e não por qualquer outro motivo aventado.

Thiago – Sua campanha foi abraçada por boa parte dos nova-limenses, isto se materializou nas urnas, contudo o seu partido PDT teve uma baixa votação para os vereadores. A que você atribuí esta diferença entre a majoritária e a proporcional?

Carlinhos – Tivemos dificuldade de definir uma candidatura majoritária. Isto enfraquece a construção de uma chapa de vereadores.

Quando definimos a majoritária, o xadrez já estava montado. As chapas prontas e tivemos que nos ater aos nossos filiados, a quem aproveito a oportunidade de agradecer a disponibilidade e a coragem de assumirem as candidaturas de vereadores e vereadoras e a nossa candidatura majoritária. Sem eles não teríamos obtido a votação que tivemos na majoritária.

Os nossos candidatos e candidatas foram de muita luta. Bravos.

Thiago – Com 9 mil votos em 2020, muito se especula sobre sua possível candidatura a deputado no próximo ano. Você vem candidato em 2022?

Carlinhos – Os mais de 9 mil votos nos habilita a continuar na vida pública. Tenho experiência parlamentar e de gestão publica, tenho compromisso com os trabalhadores e este é o momento que o Brasil precisa desta sensibilidade na assembleia ou na câmara dos deputados.

Estou a resolver as pendências jurídicas e, se superadas, por que não pensar?

Estou à disposição sem que isso seja uma obrigatoriedade.

Thiago – 2020 foi um ano de muitas novidades em sua extensa carreira política. A principal delas foi sua ruptura com o PT Nova Lima, partido que você ajudou a fundar na cidade. Existe algum dialogo entre você e o “novo PT” em Nova Lima sobre um retorno?

Carlinhos – O diálogo com o PT, nunca perdi. Continuo conversando com os companheiros, até realizamos carreata lado a lado este ano, participei de lives do PT, no entanto, nada conversamos sobre o retorno. Ate por respeito aos companheiros.

O que importa neste momento é a construção de uma frente ampla nacional que enfrente o desmanche na Nação que vem sendo produzido pelo atual governo federal.

Uma frente política que vise a recuperação da economia, o bem estar da população e uma reinserção do país no mundo, com a condição de respeitabilidade que tinha.

Thiago – Você sempre foi uma voz unificadora da esquerda nova-limense, em entrevista ao Jornal Minas em outubro de 2020, você disse que fez o possível para manter este espectro político alinhado em torno de uma causa, mas não conseguiu para as eleições. Você ainda tem tentado esta unificação?

Carlinhos – Sempre. A construção de frentes políticas caminha junto com a minha história.

O pós eleitoral de quem não obteve a vitória é na maioria das vezes, a dispersão.

Não parei de conversar com lideranças, agentes políticos e meus pares.

Mesmo quando estive no governo, nunca deixei de buscara a unidade.

Agora, mais do que nunca é a hora de se juntar.

Thiago – Hoje, o único representante da esquerda com mandato em Nova Lima é o Thiago de Almeida (PT), um jovem promissor. Como é seu relacionamento com o Thiago, e qual sua a avalição sobre esta nova liderança que vemos surgir em Nova Lima?

Carlinhos – Não tenho relação próxima com Thiago. Acompanhei de longe o excelente trabalho que desenvolveu a frente da creche São Judas Tadeu no Jardim Canadá.

Impossível ter uma avaliação, mas tenho expectativa positiva quanto ao mandato que poderá realizar.

O partido a que pertence (PT) pode ser um elemento facilitador e norteador do seu mandato como o foi para mim e todos os vereadores do partido que passaram pela Câmara.

No mais, desejo sucesso.

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Thiago – Nesta semana o Brasil foi agitado com a possível candidatura do ex-presidente Lula em 2022. A sua história politica se confunde com a dele, além de governarem simultaneamente passaram por processos jurídicos passiveis de suspeição que os deixaram fora das disputas eleitorais. Como você avalia todo este processo do Lula, e qual paralelo você faz com sua situação em Nova Lima?

Conheci o companheiro Lula sindicalista, depois deputado constituinte e Presidente.

Temos muitos trechos em comum na nossa história.

A fundação do partido, as portas de fábricas, as campanhas, os congressos do partido, a defesa das mesmas bandeiras.

Tenho muito orgulho dessa relação e considero um privilégio ter tido a possibilidade de ter convivido com quem considero o maior líder popular da história de nosso país.

Lula foi condenado sem provas, injustamente.

Perdeu 580 dias de sua vida, perdeu familiares, perdeu uma parte da vida que nunca poderá ser reposta.

Lula voltou, maduro, sofrido, mais equilibrado do que nunca. No entanto, com uma disposição de luta que lembra os primeiros tempos.

Lula merece e ele é o que mais reúne condições de reconstruir esse nosso país, pois sabe por onde começar, pelo povo e com o povo.

Sabemos que muitos obstáculos ainda terão que ser superados, mas também sabemos que ele é a única esperança e possibilidade de unidade das forças progressistas deste país.

Também sofri perseguição judicial/ política e até hoje tento sobreviver judicial e politicamente, mas o que Lula sofreu não pode ser comparado ao que sofreu qualquer outro político.

Thiago  – Nesta semana vimos também outra petista tomar o protagonismo político. Marilia Campos eleita novamente prefeita de contagem tomou a frente do enfrentamento a covid-19 e conseguiu articular entre os prefeitos da Grande BH medidas mais rígidas para tentar evitar a proliferação do vírus. Para você este protagonismo da Marilia demonstra desgaste das ações adotadas na grande BH? A falta de experiência política dos prefeitos abre espaço para pessoas que já estiveram à frente da administração pública?

A Marília é uma grande companheira, sempre teve um atenção muito grande com Nova Lima e comigo. Natural que tivesse a mesma empatia com os demais municípios da grande BH.

Mas o bom disso tudo é que houve um consenso quanto as medidas a serem tomadas. E neste momento, caminhando em direção a vacinação de todos como está fazendo o nosso prefeito, de maneira acertada.

Thiago – Muito obrigado por atender o Jornal Minas. Gostaria de deixar um recado aos nova-limenses?

A minha palavra para Nova Lima sempre será gratidão. E todas as vezes que me dispuser, a participar de um processo, a desenvolver um projeto, terei sempre a perspectiva de devolver, agradecer a acolhida, a confiança tantas vezes depositada em mim, e ao carinho com que sou tratado pela população. Sempre tentei fazer o mesmo.

Esta é a terra dos meus filhos. É a minha terra!

Esta foi a entrevista com Carlinhos Rodrigues. Obrigado pela leitura!  Siga nossa coluna para ficar atualizado sobre a política do Estado.

Por Thiago Carvalho

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